sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Saussure e a escola estruturalista

O “Cours de linguistique général”, de Ferdinand Saussure, foi publicado em 1916 e serviu de modelo à corrente estruturalista, chamada pós-saussuriana. Saussure nunca fez uso do termo “estrutura”, entretanto sua tomada da língua enquanto sistema, produto do positivismo científico vigente na época, transformou o pensamento lingüístico e as ciências sociais à medida que lançou mão das bases fundamentais para a compreensão do conceito de estrutura. Quais são essas bases?
Primeiro, é importante dizer que Saussure toma para seus estudos um objeto que é homogêneo, ou seja, um objeto que permite sua análise por meio da investigação de regularidades. Segundo ele, a língua deve ser tomada “internamente”, como um sistema, em que os elementos são inter-relacionados e que é, em certa medida, independente do social (autonomia relativa da língua). Para tal, estabelece uma diferença fundamental entre língua e fala (langue e parole), detendo-se à primeira em detrimento da segunda. A fala caracterizaria uma subjetividade maior, por ser conferida de todas as possibilidades dos falantes, por ser individual e, por conseqüência, obedecer ao seu próprio sistema de regularidades, criando a possibilidade de ser mutável. “A cada instante, a linguagem implica ao mesmo tempo um sistema estabelecido e uma evolução: a cada instante, ela é uma instituição atual e um produto do passado.” (Curso de Lingüística Geral, 1989, p.16). Saussure define a fala como um agente modificador da linguagem, atentando para um futuro estudo da fala enquanto sistema, contudo nunca estudou a “evolução” da língua.
Neste ponto, é fundamental chamar a atenção para o fato de que o CLG adota uma perspectiva sincrônica da língua, ou seja, uma perspectiva que é ahistórica, que faz um recorte no tempo e estuda o objeto em um dado momento. Este recorte é significativo para o estudo que se propõe, pois viabiliza em grande escala a percepção da língua como independente do contexto social.
Saussure então define o signo lingüístico como produto de uma união entre um significado (conceito) e um significante (imagem acústica). O primeiro não pode ser entendido, aqui, como um referente do mundo real, mas sim enquanto um valor que é atribuído a cada signo. Este valor é estabelecido através da relação que este signo estabelece com outros dentro do sistema, e da posição que ocupa nesse sistema. Essa definição de signo lingüístico é significante para o entendimento das inter-relações entre os elementos de um sistema de signos, bem como para compreender o funcionamento “intra” característico ao estruturalismo.
Nicolle Casanova

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