quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

De que trata a lingüística, afinal?

BORGES NETO, J & DASCAL, M. De que trata a lingüística, afinal? IN: BORGES NETO, J. Ensaios de Filosofia da Lingüística. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.

No capítulo do livro “Ensaios de filosofia da lingüística”, de José Borges Neto, ao qual tivemos acesso, percebemos as possibilidades de abordagem lingüística e as formas de apreensão de realidade que delas decorrem através da relação que se estabelece, dentro de cada perspectiva, entre homem, língua e mundo. Borges Neto explica essa variedade de abordagens lingüísticas como conseqüência da dificuldade em delimitar um objeto de estudo da Lingüística. Seria simples dizer que este objeto é a linguagem, colocando a Lingüística no centro das ciências da linguagem como a ciência que de fato capta a essência do objeto em questão. Mas a linguagem não é homogênea; esta não implica em um objetivo comum a toda a Lingüística.
Desta forma, compreendendo uma série de objetivos inerentes a Lingüística, tem-se que esta se “subdivide”, ou seja, seu objeto permite seu estudo sob as mais diversas perspectivas, cada uma delas tomando para si uma parte da realidade deste objeto. Temos, assim, como “subdisciplinas” da Lingüística a fonologia, a morfologia, a semântica, etc.
Desta forma, segundo Borges Neto, a linguagem consistiria no objeto observacional, pois sua essência não se altera através do estudo. Entretanto, este se constrói a partir do objeto teórico que lhe é atribuído, ou seja, a partir do prisma pelo qual é observado. O objeto se constrói, portanto, a partir da perspectiva que recai sobre ele, e a partir dos objetivos que determinam essas perspectivas.

Nicolle Casanova

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